Hoje (7), foi aberta a janela partidária, nome dado ao período em que vereadores podem mudar de partido sem sofrer punição. No calendário eleitoral deste ano é um dos momentos iniciais da campanha, ainda não oficial, quando a competição fica mais clara e os partidos e pré-candidatos começam a mostrar se têm ‘farinha na cuia’, os tais dos votos. A partir desta quinta-feira faltam 223 dias para as eleições, e até lá será uma longa trajetória para candidatos e candidatas às 23 cadeiras da Câmara de Vereadores em 2025 e à Prefeitura de Vitória da Conquista.

Será um tempo em que se alternarão a ansiedade e excitação com angústia e decepção. Para dar resposta aos dois primeiros sentimentos ou para desfazer as outras sensações, aparecem… os números. É a hora em que surgem as enquetes, tão fáceis de manipular, e as pesquisas de encomenda, essas em que o pagante (ou seu aliado) está sempre em situação confortável. O objetivo pode ser pegar carona no voo da mosca azul que pica quase todos os candidatos (ou todos?) ou não deixar que o efeito da picada passe.

Já estamos vendo isso. E é um perigo. As fórmulas são repetitivas: na enquete, alguém interessado orienta amigos, grupo político, familiares e até pessoas pagas a votarem várias vezes. Como nas enquetes do BBB. Depois, o candidato posta o resultado em suas redes sociais ou manda para os grupos de WhatsApp. Ressalte-se que nem sempre o candidato duvida dos números e os usa de má fé, às vezes ele acredita no que vê – esse é um dos efeitos do vírus da mosca azul. O aviso a quem faz uso dessas enquetes como propaganda: cuidado.

Pode-se dizer a mesma coisa das pesquisas de encomenda. Não necessariamente o candidato ou a candidata manda fazer o levantamento, muitas vezes recebe como ‘presente’ de alguém. Aqui, uma das partes mais graves: se na enquete as pessoas podem forçar um percentual, votando várias vezes, por orientação ou simpatia, a enquete, no entanto, acontece. Sem cuidados técnicos, estatísticos e éticos, mas ela acontece. Já as pesquisas de encomenda nem sempre. O picareta que a vende só inventa o relatório, cria os números e percentuais. Quando entrega, põe mais um pouco de saliva da mosca.

Mesmo as ‘pesquisas de consumo interno’, pura expressão marqueteira, acabam sendo do conhecimento de membros do grupo, aliados e amigos, que espalham a fantasia. Na outra ponta, o eleitor, ávido para saber quem tem mais chance de vencer a eleição. Pouco provável que o público saiba onde está a mentira, onde está a verdade. Porque se esta não aparece, a primeira se repete de tal modo que pode mudar as impressões coletivas e, puf!, como passe de mágica (marketing) influenciar a vontade popular, como se tivesse sido verdade o tempo todo.

Mas, repetindo: ‘pode mudar’. É uma possibilidade, sim, mas quem inventou ou acreditou na invenção pode ser alvo do efeito contrário da intenção ou má fé. O feitiço pode se virar contra o feiticeiro, se é o candidato o autor da peripécia, e cair do cavalo por acreditar demasiado que a sela presenteada lhe cabia. Confiando no perdão de Elomar, pode acordar com um “mosquero (azul) na cozinha, a corda pura e a cuia sem um grão de farinha”.

De cá, estejamos atentos.

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